No início de Maio tivemos a honra de patrocinar o Congresso de Reencarnação e Karma da Sociedade Antroposófica. Foram 3 dias de profunda imersão com muitos aprendizados e insights. Abaixo segue um artigo que a nossa fundadora Luciana fez para nós, com a Síntese das principais mensagens do Congresso.
“Todos os mistérios universais estão contidos dentro da pele humana.
Vivemos um momento de transição, em que não podemos ficar só no campo do pensamento. Nos tempos atuais perdemos a conexão com o Espírito.
O nosso endurecimento perante o SOFRIMENTO é incompatível com a nossa Natureza humana. Estamos anestesiados no sentir. Débil fica o Espírito se ele não for capaz de sentir no próprio corpo o sofrimento. Precisamos ativar o nosso sentir interno, e com isso, sentir o outro. É importante nos tornarmos misericordiosos com o sofrimento humano.
Um novo PENSAR, com novas características, também se faz necessário. É o PENSAR com o ENCONTRO. Um encontro de si mesmo através do outro. Um encontro de vulnerabilidade, em que a individualidade se revela. Prestar ouvidos à palavra do outro, à sua gestualidade, ao rosto que vem da alma de cada ser. Esta percepção nos desperta para a fraternidade humana. O novo encontro é nos reconhecermos como SERES espirituais, da mesma origem.
“Exercita o recordar do Espírito”, Rudolf Steiner.
A Terra é o grande ventre onde podemos atuar como espíritos auto-conscientes e livres.
A reencarnação nos possibilita apagar e reparar os erros cometidos. O carma é uma benção que devemos agradecer e que nos foi dada por Cristo. O carma é a medida que é tomada para se purificar e reconquistar a dignidade.
Como conceber o pensamento da reencarnação e do carma no século XXI?
O carma é um meio de purificação e desenvolvimento do SER humano.
Não é um castigo. O essencial na concepção do carma é o estado de alma que surge nesta concepção.
Sempre pensamos no carma como algo do passado, a concepção que se embasa em condições já pré-estabelecidas. Às vezes o carma vem para o desenvolvimento do futuro. Nem só de passado vive o carma. Às vezes a deficiência ou dificuldade de uma pessoa é relacionada a uma tarefa ou carma do futuro. Como se fosse uma academia, fazendo esforço para se desenvolver para uma tarefa para o futuro.
Antes de Cristo o carma era uma lei rígida “olho por olho dente por dente”. Depois de Cristo, e com o episódio da Mulher adúltera, a lei do carma foi escrita na terra e reflete o autodesenvolvimento de cada um, o despertar de uma nova consciência individual, a auto-consciência como reguladora de seus atos.
Podemos determinar o nosso carma no futuro. O perdão abre espaço na liberdade da formação do carma.
Hoje nos deparamos com a negação do outro, a desumanidade. Posso atribuir significado ao meu sofrimento, mas nunca ao do outro. O sofrimento do outro não admite uma justificativa. A não indiferença é a substância do Ser humano. A percepção da dor do outro desperta a nossa responsabilidade.
Se o humano não tiver o senso de responsabilidade em relação à vida ele nega a sua própria humanidade. A responsabilidade é fundamento da humanidade, do ser humano.
Estamos num momento da humanidade de sacrifício e oferta que exige sustentação, dignidade. Tem algo muito especial e curativo quando eu me debruço sobre o carma do outro, quando eu não me anestesio do sofrimento do outro. Dependendo do modo como eu ajo, em misericórdia, eu atuo sobre o carma do outro.
O desenvolvimento do outro, através de nossas ações, nos permite uma evolução cármica no presente. Quando um se debruça sobre a dificuldade do outro, que é diferente da dele, ele estabelece uma relação com o CARMA do FUTURO.
A sabedoria não vale nada se ela não é vertida para o AMOR. Através de ações práticas à serviço da humanidade.
O processo evolutivo se dá através do encontro. O encontro em que nós seres humanos nos debruçamos sobre o outro e desenvolvemos a nossa própria humanidade. O nosso objetivo de desenvolvimento é nos debruçarmos sobre o outro com Responsabilidade e MISERICÓRDIA.
Com calma no íntimo. Amor no exterior. “